Sempre estas memórias que quando sol começa a sua ginga me vêm à cabeça, penso que é quase Verão, imagino-me pelas ruas a bicicletar, a caminhar, ou simplesmente na Ribeira a vê-los saltar, meninos dispostos a enfrentar o rio gelado a troco de pequenos incentivos deixados pelos turistas.
Dizem que já é Primavera e que ainda agora começou, mas o frio parece não querer ceder, intensifica-se e não há como pará-lo; lutando com os meus xipocos, nestas alturas já penso no Verão, logo, logo estaremos no Verão, e isto enquanto ando à procura da vitamina D, alternada com alguns arrepios à sombra. Mas mesmo chegando o Verão no rio ou no mar nunca chega o Verão, águas sempre geladas.
Gosto de ver ou de participar (pouco) nas danças de festival de mergulhos no rio ou mar. Do que gosto muitas das vezes é de estar com água pelos tornozelos a tentar perceber se o frio chega aos ossos, primeiro um pezinho e depois o outro, quase desequilibrado, em pontas de bailarina, até que a água chega à cintura e depois, wow, o dito mergulho, isto quando já não sinto o cérebro e sempre com a tensão de ter de cumprir um dever perante toda aquela audiência estendida no areal. Na realidade, se não fosse essa fantasia com os meus xipocos de que o mundo todo à minha volta está a olhar não sei se não seria mais uma daquelas pessoas de mãos atadas por trás das costas à beira-mar a contemplar, pensativamente, e que no melhor dos calores fica contente com um ou dois mergulhos.
Fico também com uma pequena tristeza, ou inveja, ou um misto das duas, não sei bem explicar o que me vai na cabeça nessas alturas em que vou ouvindo sempre ao meu lado algo do género “já vou no meu sexto/oitavo banho do dia”. Será um pouco de mete nojo. Sempre o mesmo: um mergulho? Enfim, saudades do meu Índico.

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